sábado, 21 de março de 2015

Nada Ainda

É gente, nada ainda, o ciclo atual é o último do prazo do médico. Na verdade teria sido o ciclo anterior, mas como eu estava de cama com dengue, nem treinei, então adiei mais um mês de esperança.

Na verdade ainda não sei se deu errado ou não, mas a TPM já trata de trazer tristeza e pessimismo suficiente para não ter muita esperança.

Claro que no fundo sempre fica a pontinha de fé imaginando que poderia ser dessa vez, que a espera podia acabar, mas o que mais penso é: não aguento mais passar por isso. E "não se iluda você já sabe como é a decepção".

Dei uma sumida de Facebook e blogs só pra não ver mais tantos filhos dos outros e novas notícias de gravidez das amigas. Cheguei a desativar o Face. Me afundei no trabalho para distrair a cabeça e tirar o foco, eu tava tão cansada de ser tentante que joguei tudo pro alto, sentia tanta raiva, tanto desgosto que tive vontade de nem tentar mais, de nem querer ser mãe mais. Realmente de saco cheio! Mas isso também não faz bem. Que droga não aguento mais tudo isso!!!

Aconteceram muitas coisas que me distraíram um pouco de pensar na vida de tentante. Enquanto isso minha cunhada já voltou a trabalhar no caixa da lanchonete somente nas sextas, sábados e domingos, que são os dias de maior movimento, já que a bebê não mama no peito mesmo. Eu pedi pra ela deixar a bebê comigo, achei que ela não fosse querer, mas a necessidade estava lá e eu era alguém que ela conhece. Quero tentar passar pela terapia do "fulana nunca conseguia engravidar, mas depois que ela adotou um bebê ela acabou engravidando".


Espero que isso me ajude, este agora é o 4º final de semana que fico com ela das 17h as 1h da manhã. Já é algum tempinho né! De início eu fiquei muito ansiosa pois nunca tinha ficado sozinha com um bebê antes. Percebi que tenho muito jeito pra coisa, mas também senti a responsabilidade, vi que aqueles sonhos que a gente tem com os filhos cheio de flores, perfumes e musiquinha de porta jóias não é tão fofo assim. 

É totalmente diferente, o peso de ter alguém tão inocente e tão frágil dependendo 100% de você, tudo que você fizer de errado vai afetá-lo, toda vez que chorar você não pode falar: "Peraí que preciso fazer xixi", os hábitos de falar alto ou se abaixar rápido com ela no colo vai assustá-la e você se pega mudando sua forma de agir até dentro de casa. Sem contar os pulos no meio de um cochilo pra ver se ela ta respirando.

Também é uma super experiência ver como eles reagem aos seus estímulos, e como mudam, aprendem e amadurecem rápido como um trovão. Um dia não sabe nem sustentar a cabeça, no outro já descobre que a mãozinha serve pra pegar, eles fazem muitas descobertas e nos recompensam com tantos sorrisos inocentes.

Pensei muito na minha amiga Adriana, que foi mãe solteira de duas meninas, e o quanto eu aluguei ela pra falar sobre bebês, maternidade, gravidez, pois esse assunto sempre foi coisa linda pra mim. Mas pra ela envolve mágoa, dificuldades, abrir mão de sonhos, se sentir abandonada. Só cuidando de um bebê eu consegui pensar nela com outros olhos, imaginar o que é ter um bebê nos braços num momento em que a gravidez não foi desejada. Ter que se virar sozinha, ter que dar atenção, dar carinho pra um bebê que veio sem ter sido chamado. Eu nunca tinha entendido isso, e em todos esses anos eu queria tanto falar de gravidez e maternidade com ela, parece que uma ficha caiu. Ainda não conversei com ela a respeito, mas parece que a vejo com outros olhos agora.

No primeiro final de semana eu olhava pra bebê e pensava: podia ser minha, podia ser eu com minha filha, mas não é. Criei um stress e ansiedade muito grande por causa disso, falei pro meu marido que ia correr atrás de adoção, dormi mal por várias noites com a cabeça bem agitada.

Depois sosseguei, não to sabendo esperar e seguir o fluxo do tratamento. Não é assim que as coisas funcionam, Está fazendo 6 meses que operei, sendo que perdi 2 ciclos, ou seja, tentei por 4 meses apenas e já to querendo desistir? Agora que já cheguei até aqui vou morrer na praia? 

Depois de pensar em tudo isso passei a assumir a bebê como minha sobrinha, e não como um bebê que veio pra me lembrar a todo momento que ele não é meu e que não tenho nenhum. Ela é da minha família, ela vai crescer e me chamar de tia, vai ter dias que vou pegar ela pra sair comigo, vai ter dias que ela vai dizer que me ama, que vai querer dormir na minha casa, que vai me pedir presentes, que irei dar bronquinha nela, não posso ficar criando nenhum bloqueio que impeça esse relacionamento de tia e sobrinha só porque ela não é a minha filha. 

Meus pais se isolaram da família, então não tivemos relacionamento com primos e nem eles com sobrinhos, então meu cérebro meio que assimila que convivência de criança com adultos é somente pai e filho, as vezes preciso me lembrar que isso não é verdade, porque esqueço.

Agora o próximo passo é marcar nova consulta no dr Arnaldo de novo, aproveitar e ir pra SP passear um pouco e matar a saudade. Mas não posso negar que ainda bate a tristeza e o medo de não conseguir.

3 comentários:

  1. Que delícia, você ainda tem esse privilégio de ter um neném por perto, e eu aqui, nem isso, mal as mães deixam a gente se aproximar dos bebês. Eu ia curtir de montão no teu lugar...

    Você tem 32 anos e mais alguns para ser tentante, se aliviar o que vou dizer, pense em quem não tem mais relógio biológico, depois de ter sido tentando nos últimos do relógio...

    Fé, foco e vai curtindo a neném, aliás, como é o nome?

    Beijos

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  2. A bebê chama Barbara, depois mando uma foto dela por Face pra vc. Até então eu não tinha nenhum bebe por perto, exatamente porque assim que alguem falava que tinha filhos ou que estava grávida eu cortava relacionamento total, pessoalmente, por face e sumia da vida da pessoa, cada anuncio de nova gravidez sempre foi um soco no meu estomago, pq as crianças dos outros me incomodam, me faz sentir perdedora, inferior, eu não gosto disso mas nao consigo reagir de outra maneira. A chegada dessa menina esta me forçando a amolecer.

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