segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Ruivos são apenas 2% da população

Hoje na TV passou uma reportagem sobre a raridade dos ruivos. 

Então um casal de ruivos de Florianópolis se conheceu por uma rede social só para ruivos e se casaram. 

Eles pensaram assim: já que ruivos são raros e estamos juntos, temos que reproduzir e ter mais filhos ruivos. 

Eles quiseram ter filhos, fizeram sexo e então ela ficou grávida e agora eles têm uma menina ruiva de 4 meses. 

Já planejam o próximo ruivinho para daqui uns 3 anos. 

Fim. 

domingo, 12 de julho de 2015

E o tratamento? Por que você não faz FIV?

Sempre me perguntam isso. Mas você não vai no médico? Por que você não faz FIV? Etc...

Claro que sentar e esperar as coisas acontecerem sem ir à luta não resolve. Mas muitas das pessoas que fazem essas perguntas acham que é só fazer uma consulta num médico bom, só fazer uma FIV e voilá: resultados garantidos, como se fosse a cura de uma gripe.

Depois que fiz a consulta de retorno da videolaparoscopia em outubro/2014 nunca mais voltei em médico.

- Primeiro porque achei que minha vida estava resolvida e iria engravidar em poucos meses.
- Segundo porque fiquei muito decepcionada por não ter conseguido em poucos meses e mergulhei de cabeça no trabalho.
- Terceiro porque meu médico fica em SP, me mudei pro interior, minha situação financeira mudou consideravelmente pra um nível mais difícil, então acabei deixando pra depois.
- Quarto porque mesmo mergulhada no trabalho, achei que ainda em mais alguns meses iria conseguir engravidar e tive uma ponta de esperança.
- E por último porque fiquei tão de saco cheio que resolvi desistir e empenhar minhas energias no que me dá resultados visíveis.

Mas eu sei o que tem me levado a me boicotar tantos os tratamentos em todos esses anos: a teimosia de achar que se todo mundo recebe de graça, dentro de casa, e sem pedir pra ninguém, eu também acho que me sinto nesse direito. E por mais que isso é ser cabeça dura pois estamos numa geração em que os tratamentos tão aí pra ajudar a vida das pessoas, me sinto imensamente ofendida com Deus, com o universo, com a natureza ou sei lá comm que de não ter me dado a capacidade de conceber naturalmente.

E o principal: Uma vez li o livro Maternidade Tardia que me assustou muito quanto sobre os efeitos da carga hormonal que o corpo recebe durante os tratamentos de clínicas de fertilidade. E como já sou meio adepta de tratamentos naturais, já fiz muitas pesquisas no http://natural-fertility-info.com/ e etc. Vou começar acupuntura também.

Pra se ter um exemplo, eu aos 32 anos, com o rosto cheio de espinhas... sempre escuto "por que você não toma roacutan?". Gente vocês já viram quão forte é aquela droga? E os efeitos colaterais? Vocês viram que se toma uma vez só e ele faz efeito pro resto da vida? O que será que fica agindo no corpo pra sempre que não possa fazer mal ou dar um câncer lá na frente? Posso perder tudo nessa vida que eu corro atrás, menos o meu corpo, quero tratá-lo com a dignidade que merece.

Até mesmo nem tudo é FIV, pra quem tem endometriose, pesquisei que eles receitam um tal de Allurene, Gestinol, sei lá... que suspende a menstruação. Mas algumas pesquisas indicam que esse remédio na verdade tem efeito pró estrogênio, e é o estrogênio que causa mais endometriose. Ou seja, a pessoa acha que está se curando, mas está se envenenando. Mas os médicos ainda continuam receitando. E pra não dizerem que estou impressionada com bobagens que andei lendo na internet, são realmente pesquisas científicas, e qualquer pessoa que entrar num grupo de Facebook sobre endometriose irá conhecer muitas mulheres que tomaram Allurene e descobriram-se com endometriose novamente, mesmo estando há 1 ou  2 anos sem menstruar desde a videolaparoscopia.

Não pensem que sou igual aquele povo que age como parto natural x cesárea, que condena quem escolheu a opção "mais fácil" e mais "médica". Afinal sei que nenhuma é fácil, e quem chega a decidir uma FIV já está muito machucado e chateado. Pode até ser que um dia eu resolva fazer, não descarto 100%. Mas acho que ainda sou nova pra poder tentar de outras maneiras.

Também não é por isso que não voltei ao médico, tive uns problemas pra contratar convênio e ainda não estão resolvidos. Não sou xiita...rsrs

Hoje li um texto muito bem escrito em com ótimos exemplos de uma pessoa que tomou a mesma decisão que eu, só que com a diferença de que ela conseguiu engravidar, então já tem prova de que há outros caminhos mais saudáveis, respeitando os limites do corpo mesmo que demande um pouco mais de paciência de disciplina. Nesse texto existe até uns links para a história de uma atriz brasileira que quase morreu por se submeter a 7 FIVs em 2 anos (e não engravidou, coitada). Tenho certeza que todo casal infértil já se pegou pensando: puxa se eu tivesse muito dinheiro faria todas as FIVs possíveis até conseguir.... deve ter sido o que ela quis fazer.

Segue o link: http://endometrioma.blogspot.com.br/2013/05/o-livro-da-vida.html

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Ainda dói

Mesmo que não tenha passado meus dias de "ainda bem que não tenho filho para me dar trabalho"... ainda assim dói quando ouço os comentários referente às crianças próximas tipo: "é a cara da mãe", "tem a mania do pai"...

Fico imaginando como seria ter uma criança minha, um pedacinho de mim, do meu sangue e do meu marido. Como seria ter uma pessoinha que é a continuação da gente?

Pra mim ter filhos é algo tão estranho tão surreal.

Essa semana minha amiga grávida de 35 semanas mandou a foto do barrigão. É algo tão estranho pra mim, tão fora da realidade. Fiquei um tempão olhando pra barriga dela pensando: cara, cresceu um bebê dentro da barriga dela, um bebê que é pedaço dela e do marido dela. Vai se parecer com eles, vai chamar eles de pai e mãe. O corpo dela produziu isso, como será que deve ser?

Puxa tão normal isso né? Mas pra mim é a coisa mais esquisita do mundo. É tão distante, é tão impossível.

Essa semana alguns parentes ficaram aqui em casa. Eles têm dois gêmeos de 5 anos. Conversei, brinquei com eles, participei. É tudo tão esquisito pra mim e é tão comum pro resto da humanidade. Mesmo que dá trabalho, mesmo que dá gasto, mesmo que muita gente diz pra eu não ter que vou me arrepender, mesmo as vezes eu mesma achando que não deva mesmo ter.... é estranho....

Essas mães/pais as vezes estão cansados por cuidar dos filhos, estressados por abrir mão de um tempo só pra eles, frustrados por gastar com as crianças e não poder gastar pra si mesmos... mas eles sabem o que é ter um serzinho que veio deles, que tem o jeitinho deles, o cabelo da mãe, os olhos do pai, a risada da vó... como eu queria conhecer o que é isso...

Essa noite tive um sonho que me deixou chateada. Sonhei que ia pra casa da minha cunhada cuidar da bebê dela. Só que ela me recebia muito mal, me tratava com muita grosseria, e eu dizia: mas você não é assim o que está acontecendo?

E ela continuava com muita grosseria, falando com muita agressividade me insultando. E eu disse: Você só esteve assim quando estava grávida, você tá grávida de novo? E ela disse: estou sim e a partir de hoje você não vai mais cuidar da minha filha. E me tocou fora de casa.

E eu sai de casa com o peso da incapacidade de gerar sobre mim, vendo que minha cunhada estava gerando uma nova criança e eu ainda incapaz.

Eu não aguento mais esse pesadelo. Antes eu tivesse querido nunca ser mãe.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Stress

Se stress atrapalha engravidar, considero que os treinos estão suspensos... aff

Eu e o Diego estamos com muitos problemas, e ai quando a coisa aperta, ele fica arisco, agressivo verbalmente, e indiferente aos meus sentimentos, sendo que os problemas nem são culpa minha. Às vezes penso se a melhor coisa é querer um filho mesmo.

Quando ele toma atitudes que me decepciona, fico grata por não ter filhos pois isso me torna independente, tomo meu rumo e vivo minha vida, como arrumar um emprego e usar o tempo com coisas só pra mim.

Fora que tamos passando por várias dificuldades externas, que nada tem a ver com o relacionamento, mas estão nos estressando muito e muito.

Apesar de tudo, é dele que sinto falta quando preciso de apoio.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Eu sou o Grinch do dia das mães

Hunf, nem abri face hoje pra não ver mensagens fofas de mães, fotos intermináveis de bebês, "mãe de gato/cachorro também é mãe".... ainda teve gente que veio me dar mensagem de "eu sei que essa data é dificil pra você, mas tenha fé que Deus bla bla bla"... vi piscar mas nem visualizei.

E não, eu nem falei com minha mãe hoje.


sexta-feira, 1 de maio de 2015

Os dias em que não quero ser mãe

Já são muitos anos tentando engravidar, e com isso já desabafei com muita gente, já questionei muita coisa, já pensei muito sobre isso, Já conheci muita gente que também tem/teve dificuldade, e em nenhuma delas encontrei uma coisa que acontece comigo: Tem dias que fico satisfeita em ainda não ter tido filhos.


Sou uma pessoa muito independente, muito desapegada. Odeio me prender a compromissos, odeio sentir que algo está me impedindo de fazer o que eu estava pretendendo, odeio ajustar minha rotina por causa dos outros.

Vejo histórias de superação de mães que foram abandonadas pelos maridos com bebês pequenos, de mães de crianças com doenças graves, de mães de quadrigêmeos, quíntuplos contando suas histórias e a única coisa que consigo pensar é: MEU DEUS! Não quero isso pra mim!

Eu desde criança sempre quis ser mãe, é uma coisa que eu quis muito, como se fosse a coisa óbvia da vida. Mas assim como qualquer paixão desiludida, após alguns anos tudo vai esfriando. Ouvia de algumas mulheres sem filhos com vários anos de casada falarem que depois de tanto tempo, nem sabem se querem mesmo ter filhos. Eu achava um absurdo! Como não?



Como passar dos 30 transforma as mulheres. Amadureci em 2 anos o que eu não tinha amadurecido em 15, minha cabeça mudou muito, meu ideal de felicidade, meus objetivos também.

Por cuidar da minha sobrinha, baixei a guarda sobre o assunto de maternidade, me permiti ouvir mães falarem da parte linda e da parte difícil, entendi muita coisa que eu não entendia. Se minha paixão já tinha passado, a ilusão do mundo cor de rosa terminou de vez. E me pego pensando: será que realmente é isso que eu quero?

Mesmo antes disso, pelo menos pelos últimos 7 anos me peguei pensando várias vezes se eu realmente quero ser mãe, mas achava que era um reflexo da raiva de não ter conseguido, tipo: ah dane-se tudo eu não consigo mesmo.

Tem dias que dou graças por não ter tido filhos, e esses dias não são poucos.

Tem dias que meu coração dói, por querer ter uma criança que é um pedaço de mim, que represente na minha vida algo muito maior do que ela é.

E tem tantos outros dias que penso que quero poder dar na telha e viajar sozinha como sempre faço.

Tantos outros dias que não consigo enxergar o sentido de ter uma criança, juro que não consigo ver nada além de gasto financeiro, comprometimento de tempo e paciência que eu poderia estar usando para crescimento profissional e financeiro.

Acho que sou fria, talvez uma criança iria me amolecer.

Se ela vier, que ela consiga realizar isso. Se ela não vier, não vou me matar em tratamentos, hormônios, neuras.

Todo mundo está me perguntando sobre continuar o tratamento, já que faz um tempinho da cirurgia.

Eu considero que já me sacrifiquei demais, e até aqui tá bom. Não vale mais sacrifício, mais dinheiro gasto, mais ansiedade, mais frustração, mais pesquisas, mais dietas mirabolantes, mais nada!

Não desisti, mas se Deus existe mesmo e realmente promete e cumpre, que aconteça.

Se ele não existe, se milagres não existem, vou viver minha vida da melhor maneira possível, sem buscar minha felicidade em outra pessoa que nem nasceu.

Parece deprimido esse post, parece que odeio crianças, que não quero ser mãe. Até quero, mas se eu for vai ser porque tinha que ser, não vou me descabelar atrás de tratamento. Com o dinheiro de uma fertilização faço a viagem dos meus sonhos, que sempre quis fazer e nunca deu.

sábado, 18 de abril de 2015

Notícias

Olá pessoal, não postei mais por não ter mais novidades.

Ando com uma rotina corrida, e quase todo dia não consigo dar conta dela. Acordo umas 8 da manhã, trabalho com meu marido. Faço almoço pra galera toda (estamos com três hóspedes em casa que trabalham com a gente ... bom, supostamente, porque só um trabalha os outros embaçam mas não convém estragar meu post). Ai dou uma arrumada na casa, faço a parte burocrática da empresa e as 5:30 vou pra casa da minha cunhada ficar com a bebê e ainda quando ela dorme ou fica quietinha no carrinho, faço freelance e vou dormir 1 da manhã.

Antes ela deixava na minha casa, mas realmente é insuportável cuidar de um bebê com a casa cheia de gente. Claro que ajuda, é mais gente pra ninar ela, pra buscar a mamadeira e tal, mas a menina não podia dar um "ah" que vinha 3 marmanjos em volta de mim perguntar o que aconteceu e pedir ela no colo "deixa que eu faço ela parar de chorar". Muito, muito chato, então resolvi ir pra casa dela.

Percebi que ajudou, ela passou a chorar menos, acho que ela estranhava o ambiente lá em casa.

Não sei se o tratamento de cuidar do bebê dos outros funciona mesmo, mas que alivia o stress e faz a gente esquecer de um monte de neuras... ah faz sim. Não dá tempo de pensar em bobagens, na verdade a gente quase nem lembra de pensar em outra coisa.

Cuidar dela me deixou de muito mais bom humor, nunca mais senti aversão à grávidas e mães com crianças porque não me sinto mais excluída. Agora sei como é cuidar de um bebê, já não fico só olhando e fantasiando e pensando se eu seria capaz. E ainda assim, claro que sonho com o meu, mas não com aquela angústia de excluída e sofrida que eu tinha.

Eu tinha marcado nova consulta com o Dr. Arnaldo, mas cara, tá R$ 580,00... não estou em condições e cancelei. To trabalhando pra burro mas não recebo nada kkkkk então tive que adiar. Comprei umas vitaminas, própolis e geléia real e estou tomando. Vou marcar algum médico aqui na cidade mesmo.

Amigas e a cunhada têm recomendado os médicos delas, que são ótimos, são fofos e etc. Mas eu nunca vou achar bom um GO que agenda cesárea sem trabalho de parto, sem bolsa estourada, sem o tempo do bebê.... prefiro ir no posto de saúde e ter meu filho no hospital de alto risco com parto normal sem episio onde minha amiga pariu 3 filhos mesmo com histórico de pressão alta, hipotireoidismo e trombofilia. Até parece que um médico particular ia deixar! E acho que consigo entrar nesse alto risco, só mostrar meu exame de trombofilia (assim espero).

Bom, mas agora voltando ao planeta terra: eu nem to grávida ainda! Mas não estou mais deprimida, cuidar de bebê faz a gente ver que o mundo não gira em torno de si mesmo.

sábado, 21 de março de 2015

Nada Ainda

É gente, nada ainda, o ciclo atual é o último do prazo do médico. Na verdade teria sido o ciclo anterior, mas como eu estava de cama com dengue, nem treinei, então adiei mais um mês de esperança.

Na verdade ainda não sei se deu errado ou não, mas a TPM já trata de trazer tristeza e pessimismo suficiente para não ter muita esperança.

Claro que no fundo sempre fica a pontinha de fé imaginando que poderia ser dessa vez, que a espera podia acabar, mas o que mais penso é: não aguento mais passar por isso. E "não se iluda você já sabe como é a decepção".

Dei uma sumida de Facebook e blogs só pra não ver mais tantos filhos dos outros e novas notícias de gravidez das amigas. Cheguei a desativar o Face. Me afundei no trabalho para distrair a cabeça e tirar o foco, eu tava tão cansada de ser tentante que joguei tudo pro alto, sentia tanta raiva, tanto desgosto que tive vontade de nem tentar mais, de nem querer ser mãe mais. Realmente de saco cheio! Mas isso também não faz bem. Que droga não aguento mais tudo isso!!!

Aconteceram muitas coisas que me distraíram um pouco de pensar na vida de tentante. Enquanto isso minha cunhada já voltou a trabalhar no caixa da lanchonete somente nas sextas, sábados e domingos, que são os dias de maior movimento, já que a bebê não mama no peito mesmo. Eu pedi pra ela deixar a bebê comigo, achei que ela não fosse querer, mas a necessidade estava lá e eu era alguém que ela conhece. Quero tentar passar pela terapia do "fulana nunca conseguia engravidar, mas depois que ela adotou um bebê ela acabou engravidando".


Espero que isso me ajude, este agora é o 4º final de semana que fico com ela das 17h as 1h da manhã. Já é algum tempinho né! De início eu fiquei muito ansiosa pois nunca tinha ficado sozinha com um bebê antes. Percebi que tenho muito jeito pra coisa, mas também senti a responsabilidade, vi que aqueles sonhos que a gente tem com os filhos cheio de flores, perfumes e musiquinha de porta jóias não é tão fofo assim. 

É totalmente diferente, o peso de ter alguém tão inocente e tão frágil dependendo 100% de você, tudo que você fizer de errado vai afetá-lo, toda vez que chorar você não pode falar: "Peraí que preciso fazer xixi", os hábitos de falar alto ou se abaixar rápido com ela no colo vai assustá-la e você se pega mudando sua forma de agir até dentro de casa. Sem contar os pulos no meio de um cochilo pra ver se ela ta respirando.

Também é uma super experiência ver como eles reagem aos seus estímulos, e como mudam, aprendem e amadurecem rápido como um trovão. Um dia não sabe nem sustentar a cabeça, no outro já descobre que a mãozinha serve pra pegar, eles fazem muitas descobertas e nos recompensam com tantos sorrisos inocentes.

Pensei muito na minha amiga Adriana, que foi mãe solteira de duas meninas, e o quanto eu aluguei ela pra falar sobre bebês, maternidade, gravidez, pois esse assunto sempre foi coisa linda pra mim. Mas pra ela envolve mágoa, dificuldades, abrir mão de sonhos, se sentir abandonada. Só cuidando de um bebê eu consegui pensar nela com outros olhos, imaginar o que é ter um bebê nos braços num momento em que a gravidez não foi desejada. Ter que se virar sozinha, ter que dar atenção, dar carinho pra um bebê que veio sem ter sido chamado. Eu nunca tinha entendido isso, e em todos esses anos eu queria tanto falar de gravidez e maternidade com ela, parece que uma ficha caiu. Ainda não conversei com ela a respeito, mas parece que a vejo com outros olhos agora.

No primeiro final de semana eu olhava pra bebê e pensava: podia ser minha, podia ser eu com minha filha, mas não é. Criei um stress e ansiedade muito grande por causa disso, falei pro meu marido que ia correr atrás de adoção, dormi mal por várias noites com a cabeça bem agitada.

Depois sosseguei, não to sabendo esperar e seguir o fluxo do tratamento. Não é assim que as coisas funcionam, Está fazendo 6 meses que operei, sendo que perdi 2 ciclos, ou seja, tentei por 4 meses apenas e já to querendo desistir? Agora que já cheguei até aqui vou morrer na praia? 

Depois de pensar em tudo isso passei a assumir a bebê como minha sobrinha, e não como um bebê que veio pra me lembrar a todo momento que ele não é meu e que não tenho nenhum. Ela é da minha família, ela vai crescer e me chamar de tia, vai ter dias que vou pegar ela pra sair comigo, vai ter dias que ela vai dizer que me ama, que vai querer dormir na minha casa, que vai me pedir presentes, que irei dar bronquinha nela, não posso ficar criando nenhum bloqueio que impeça esse relacionamento de tia e sobrinha só porque ela não é a minha filha. 

Meus pais se isolaram da família, então não tivemos relacionamento com primos e nem eles com sobrinhos, então meu cérebro meio que assimila que convivência de criança com adultos é somente pai e filho, as vezes preciso me lembrar que isso não é verdade, porque esqueço.

Agora o próximo passo é marcar nova consulta no dr Arnaldo de novo, aproveitar e ir pra SP passear um pouco e matar a saudade. Mas não posso negar que ainda bate a tristeza e o medo de não conseguir.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Primeiro negativo da nova fase

Demorei pra escrever porque tenho trabalhado muito e na verdade tenho sofrido muito. 

Não tem sido fácil conviver com um bebê ouvindo todos os anseios e desejos dos pais, e ver que estão reagindo de forma diferente do que eu faria e tantos outros colegas sugeriram e não poder fazer nada afinal a filha é deles. 

De início a menina já trocou a noite pelo dia e minha cunhada por não confiar que ninguém pudesse cuidar dela, não dormia de dia também. Estavamos eu e a mãe dela, mas ela não deixava a menina com nenhuma de nós. 

Imaginei que fosse a paixonite pela novidade. Mas mesmo comigo sentada ao lado dela no sofá, ela nunca ofereceu a menina pra eu segurar. Só consegui pegar no colo porque meu cunhado me entregava pra segurar um pouco, quando ela chegava e via, pedia a menina de volta. 

Enquanto isso ficavam torcendo pra menina ser branca, loira e de olhos claros e com cabelo liso.  Pra quem não sabe, ela é loira brancona e ele é mulato. E eu torcendo amargamente pra não ser nada do que eles queriam, tipo advogada do diabo. Poxa, a pessoa faz filho com um homem e fica com medo de parecer com ele. Então não queria ter um filho dele?!?!

E eu do fundo da minha invejinha ficava puta com todos esses assuntinhos. Eu chorava todos os dias, e quando não estava chorando escondido no quarto ou no colo do Diego, estava com uma cara péssima de enterro. 

Só que aí minha menstruação que nunca atrasa, atrasou, meus mamilos escureceram, o colo do útero ficou super alto e macio e eu vi que minha hora finalmente tinha chegado. 

Finalmente! Mudei a postura, mudei o semblante, perdi meu amargor. Voltei a babar pelas crianças fofas, a elogiá-los aos pais, a perguntar sobre os filhos dos outros. Finalmente tinha acabado meu tormento. 

Olha só como Deus foi bom, enquanto a bebê tava nascendo, eu estava ficando grávida. E pensei várias coisas que eu tinha amadurecido e entendi que realmente foi bom eu aprender o que aprendi sobre a vida antes de engravidar, mas agora tudo estava acabando e eu poderia comemorar. 

Fui visitar a Talita, aquela amiga com trombofilia e me informei sobre os cuidados necessários. 

No dia que era pra vir a monstra e não vejo (sempre vem no meio da noite e já levanto menstruada) tive uma ideia. Vou fazer o teste de farmácia e fazer uma surpresa pro Diego. Fiz escondido, mas... Deu negativo. Poxa eu tinha certeza que ia dar as duas listras, mas senti novamente aquela sensação de que nunca irei vê-las. 

Mostrei pra ele e comentei que iria fazer uma surpresa mas não deu certo. Ele sorriu e disse: está atrasado? Falei que sim e ele ficou todo feliz mesmo sem surpresa. 

Resolvi que iria esperar até segunda pra fazer o teste de novo. Porque a minha amiga grávida do post anterior também teve um negativo com poucos dias de atraso. 

Dois dias depois o colo do útero estava tão macio e os seios tão mudados que não agüentei, no caminho das compras do material da fábrica parei num laboratório e fiz um beta mesmo sem ter convenio. Custou 45 reais. 

A tarde fui buscar: meu primeiro negativo oficial da nova fase de tentantes. 

Chorei muito muito muito amargamente. Meu cunhado me pegou sentada no canto do freezer dentro da fábrica de sorvete me debulhando em soluços. Tive que inventar uma desculpa. 

Dias depois a cunhada surtou com a família, tentei acalmar, ouvi algo quase que como um "você não é exatamente da família" e tirei meu time de campo. Eu estava morando com ela porque meu marido dividia a casa com ela enquanto eu estava em SP. E agora que voltei, estamos aguardando nossa casa ser liberada pelo ex dono. 

Depois de saber que não sou da família e que a casa é só dela (meu marido pagava metade do aluguel), e com todo esse esforço psicológico de parecer que estou feliz por eles, me mudei pra um quartinho tosco abafado e sem janelas nos fundos da nossa fábrica de sorvetes e sou muito mais feliz aqui. 

Pois é, em 2014 não rolou. E se eu não conseguir nesse ciclo agora, já será fevereiro, o prazo que o médico deu pra eu conseguir naturalmente. Estou bem decepcionada. 

Claro que não desisti, mas pra quem tenta há tantos anos já até sabe: dá aquela vontade de jogar tudo pro alto, entra a dúvida se realmente tudo isso vale a pena. E estou medindo a temperatura, mas to seguindo minha vida, trabalho muito, entrei na academia, como o que quero quando quero. 

Mas a esperança nunca morre, e o medo de nunca conseguir só aumenta.