segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Minha videolaparoscopia

Demorei para escrever porque até pensei em fazer um post pré operatório e outro pós, mas na minha última semana antes das férias tudo deu tão errado que perdi as forças.

Primeiro chorei e sofri horrores por causa do fato do ultimo post. Ai a Amil me liga falando que não ia reembolsar minhas despesas de hospital, liguei pra Deus e o mundo, voltaram atrás e disseram que tenho direito a R$320,00 de reembolso dos R$8500,00 que vou gastar com médicos. Pra terminar, eu já na cabeça que sairia de férias dia 5/9, minha chefe erra, marca pro dia 15/9, manda um email com cópia pro diretor e gerente dizendo que a culpa foi minha porque não vi que ela errou e que não podia me ajudar em nada porque o erro foi meu. Ai quis que eu saísse mesmo assim de férias, com isso eu ia estar ganhando uma semana e depois pagasse essas horas depois que eu voltasse (1/10) mas teria que pagar até dia 12/10.

Fiquei indignada com a indiferença dela que ela perdeu total meu respeito e eu perdi totalmente o gosto de trabalhar lá.

Bom, na primeira semana desliguei de tudo e fomos pra Paraty - RJ na nossa primeira viagem a 2 em quase 10 anos de casados totalmente como turistas e não como passeando na casa de amigo ou parente. Então como o destino me ama, em plena quarta-feira o tio do meu marido faleceu e tivemos que interromper as férias e ir para o Rio de Janeiro mas não chegou a estragar nada.


Estávamos bem nesse paraíso quando descobri que teríamos que interromper tudo...

Então na segunda semana, já em São Paulo passeamos em alguns museus, descansamos e quarta me internei no Hospital Santa Joana.

Lá é um pouco opressor porque é uma maternidade, então está cheio de grávidas, bebês, ursinhos fofinhos e arranjos delicados. Mas pelo menos parecem que lá eles tem a delicadeza de nos deixar em andares separados.

Fomos pro quarto às 13:00 e às 14:30 um enfermeiro foi me buscar para o pré-anestésico. Tive esperança de adiantarem a cirurgia mas me deram um sedativo e dormi até as 16:30.

Quando acordei, a instrumentadora cirúrgica que trabalha na clinica passou e me cumprimentou, estavam apenas aguardando o Dr Arnaldo chegar.

Me levaram para a sala de cirurgia, um tal de Dr Júlio se apresentou dizendo que era da equipe, o anestesista me avisou que a anestesia ia doer, e nossa parecia que ia estourar meu braço. Dali eu apaguei. Acho que até sonhei hahah

Quando acordei, não fazia idéia de onde estava nem tinha noção de nada é uma sensação bem desagradável. E o anestesista com o cabeção me olhando de cima fala: Ela acordou, ela acordou!

Nem deixaram eu me situar ja me mandaram passar pra maca e me levaram pra sala de observação. Eu estava muito bêbada não conseguia raciocinar direito, as coisas estavam rodando. Mas ao chegar na sala perguntei à enfermeira as horas: 10 pras 7. Nossa tudo isso!!! Fiquei quase 2 horas fora de órbita.

Não entendo direito como foi porque para mim, passou-se cerca de 1 hora mas quando cheguei no quarto eram 9:30. Nesse meio tempo comecei a sentir os pontos, os órgãos internos mas a dor era bem suave. Senti enjôo, vomitei, e ai sim fiquei bem. A enfermeira tirou minha sonda e me mandou pro quarto.

No quarto me serviram suco, pão e torradas. Consegui comer bem, não tava conseguindo falar muito porque a garganta estava muito irritada e ai dava vontade de tossir, e ai dava medo de estourar meu umbigo. Dizem que a gente fica com um tubo na garganta e irrita um pouco.

Quando fiquei melhor olhei minha barriga: tinha um furo a mais do que eu esperava, será que a cirurgia foi complicada? O que será que fizeram? O medico chegou a ir no quarto falar sobre ela pro meu marido mas ele tinha descido rapidinho pra trocar o carro de estacionamento. Puxa que decepção, fiquei sem saber.

As enfermeiras que cuidaram de mim eram uns amores, o hospital é mesmo muito bom. Fiquei mais bem hospedada lá do que em Paraty rsrs. Voltando à recuperação, apesar de ter comido eu ainda me sentia muito muito fraca, e para levantar pra fazer xixi a enfermeira fez eu esperar 5 minutos sentada na cama para não cair a pressão quando eu levantasse.

Consegui dar umas boas cochiladas a noite, apesar do medo de me mexer. A barriga não doeu tanto, o que doeu mesmo foram os ombros pois quando eu me levantava eles queimavam e eu até me curvava de dor. O médico já tinha avisado que ia acontecer como efeito colateral do gás CO2 que injetam no ventre para afastar os órgãos e facilitar a cirurgia. Essa dor durou 4 dias.

As 6 da manhã já estava com fome, mas me levaram um comprimido de tramal que de início me deu sono, e depois quando o café da manhã chegou me deu enjôo e eu não parava de vomitar, nem água parou no meu estômago. E o duro é que a alta tinha que ser antes das 10 da manhã sob o risco de cobrarem outra diária. Ele desceu pra ver os trâmites de pagamento e eu fiquei sozinha la vomitando os bofes sentindo todos os pontos na barriga, foi horrível.

Não me sentia em condições de alta, mas fui embora mesmo assim, o hospital dá uns 15 ou 20 minutos de casa então deu tempo de passar mal de novo só depois de chegar em casa. Assim que passou o efeito do tramal não tive mais mal estar.

Os cortes e a barriga estão desinchando super rápido e quase não sinto dor. Entrei em contato com o médico e ele disse que as duas trompas foram desobstruídas, os focos de endometriose cauterizados e nenhum órgão meu ficou atingido. Pois tem casos que vi por ai que até removem pedaços de intestino. Acho que meu caso foi leve.

No retorno que tenho dia 29 para tirar os pontos ele irá mostrar todos os detalhes da cirurgia e dizer o que sera feito agora. Estou mais nervosa com essa consulta do que às vésperas da cirurgia.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Meu perfil psicológico é ISTP

Sim, o que isso tem a ver com o tratamento? Tudo! Tudo mesmo.

O que vou contar aqui é uma coisa muito séria, mas na verdade não foi consumado mesmo, então não fiz nada de errado.

No sábado uma amiga que está grávida me liga dizendo que o bebê dela tava querendo nascer, então ela estava sob observação na maternidade e lá conheceu uma mulher que tinha dado à luz sem saber que estava grávida, não tinha enxoval nem nada. O médico tinha dito que era um mioma. <<Estes miomas eu não tenho né...>>

Ela nem sabia quem era o pai, já tinha mais dois filhos em casa, desempregada, morava com os pais dela totalmente sem condições, e que não queria ficar com esse bebê.

Minha amiga me ligou contando a situação, fui ver o bebê no hospital, lindo de morrer, um anjinho. Eu e meu marido ficamos altamente comovidos, peguei o telefone dela e combinei dela me dar o menino. Só que a lei não permite simplesmente uma mãe escolher dar o filho, eu teria que estar habilitada para adoção e ter sorte do juiz se comover e não mandar ele pra fila. Então liguei pra todos meus contatos possíveis pra descobrir como ficar com esse menino por baixo dos panos. Não vou contar aqui, mas descobri como, só que eu teria que viajar com ele para outra cidade e me passar como mãe mesmo, fora que eu estaria sendo mãe de repente e teria que largar emprego, planos e isso envolveria mudanças mais drásticas do que vocês pensam, pois eu nem moro na mesma cidade que meu marido.

Passei o sábado para o domingo sem dormir, pensando no que fazer, entre a razão e a emoção.

Domingo fui vê-lo de novo, segurei-o no colo, ele segurou meu dedo com aquela mãozinha tão pequenininha, aquela pele tão fragil e macia, dava pra ver todas as veias da mãozinha dele de tão fininha que era, ele era lindo, um anjinho, cabeludinho. E olhei para ele e pensei: meu Deus eu não tenho coragem de assumir um risco desse, não posso ficar com esse menino, tentar registrar criminosamente (segundo a lei, e não segundo a lógica né gente) e depois alguém descobrir e alguma assistente me tomar essa criança alegando que ela tem que ficar com a mãe. Mas eu não tentei, dei por perdido e fui pra casa.

Então ouvi o sermão da família, que isso é uma loucura, que é insano, que é um crime, mas é muito muito fácil a pessoa estar me dizendo isso com o filho dela gestando na barriga. Ninguém entende essa dor, ninguém entende que somos capazes de fazer loucuras, ninguém entende que a necessidade de uma família é tão grande que não importa se é o mesmo sangue.

Tivemos então uma idéia, não fazer nada por baixo dos panos, liguei pra ela e perguntei se ela aceitava meu marido assumir a paternidade do filho dela e ela passar a guarda dele para o pai. Mas então ela disse que a história já tinha vazado e a assistente social estava na cola dela pra convencer a ficar com o menino, e então desanimei 100% decidi não me envolver mais, devido ao medo do menino ser tomado de mim depois que eu o amasse ainda mais, pois eu já o tinha como meu.

E então hoje fiz um teste de personalidade onde esse T do ISTP indicou que sou altamente racional. Sim, tive que ter sangue de barata muito frio pra conseguir pensar em querer não sofrer e "abandonar" esse menino tão lindo tão novinho à sua própria sorte, e ao serviço da assistente social que é tirar a chance de crianças carentes de ter um lar decente e estruturado porque a única coisa que importa é o dna dela.

O rosto dele não sai da minha memória, a cada vez que lembro dele eu choro, a cada bebê e criança que eu vejo eu penso: será que ele se parecerá com ele? Será que as mães sabem o valor que é conseguir ter um filho seu, de conseguir ter uma fertilização natural dentro do seu ventre sem ter que mendigar o filho dos outros.

E independente de ser meu ou não, mesmo que eu tenha 5 filhos biológicos, eu nunca esquecerei que eu poderia ter dado uma vida melhor para esse menino, mas o meu racional falou mais alto e eu não tentei, não fiz nada, deixei passar.

-------------------ATUALIZAÇÃO-------------------
Em janeiro fiquei sabendo que ela deu pra trás comigo porque trocou o bebê dela por uma casa num núcleo habitacional que um casal deu a ela. Bom, pelo menos ele deve estar sendo bem cuidado e amado.