sexta-feira, 1 de maio de 2015

Os dias em que não quero ser mãe

Já são muitos anos tentando engravidar, e com isso já desabafei com muita gente, já questionei muita coisa, já pensei muito sobre isso, Já conheci muita gente que também tem/teve dificuldade, e em nenhuma delas encontrei uma coisa que acontece comigo: Tem dias que fico satisfeita em ainda não ter tido filhos.


Sou uma pessoa muito independente, muito desapegada. Odeio me prender a compromissos, odeio sentir que algo está me impedindo de fazer o que eu estava pretendendo, odeio ajustar minha rotina por causa dos outros.

Vejo histórias de superação de mães que foram abandonadas pelos maridos com bebês pequenos, de mães de crianças com doenças graves, de mães de quadrigêmeos, quíntuplos contando suas histórias e a única coisa que consigo pensar é: MEU DEUS! Não quero isso pra mim!

Eu desde criança sempre quis ser mãe, é uma coisa que eu quis muito, como se fosse a coisa óbvia da vida. Mas assim como qualquer paixão desiludida, após alguns anos tudo vai esfriando. Ouvia de algumas mulheres sem filhos com vários anos de casada falarem que depois de tanto tempo, nem sabem se querem mesmo ter filhos. Eu achava um absurdo! Como não?



Como passar dos 30 transforma as mulheres. Amadureci em 2 anos o que eu não tinha amadurecido em 15, minha cabeça mudou muito, meu ideal de felicidade, meus objetivos também.

Por cuidar da minha sobrinha, baixei a guarda sobre o assunto de maternidade, me permiti ouvir mães falarem da parte linda e da parte difícil, entendi muita coisa que eu não entendia. Se minha paixão já tinha passado, a ilusão do mundo cor de rosa terminou de vez. E me pego pensando: será que realmente é isso que eu quero?

Mesmo antes disso, pelo menos pelos últimos 7 anos me peguei pensando várias vezes se eu realmente quero ser mãe, mas achava que era um reflexo da raiva de não ter conseguido, tipo: ah dane-se tudo eu não consigo mesmo.

Tem dias que dou graças por não ter tido filhos, e esses dias não são poucos.

Tem dias que meu coração dói, por querer ter uma criança que é um pedaço de mim, que represente na minha vida algo muito maior do que ela é.

E tem tantos outros dias que penso que quero poder dar na telha e viajar sozinha como sempre faço.

Tantos outros dias que não consigo enxergar o sentido de ter uma criança, juro que não consigo ver nada além de gasto financeiro, comprometimento de tempo e paciência que eu poderia estar usando para crescimento profissional e financeiro.

Acho que sou fria, talvez uma criança iria me amolecer.

Se ela vier, que ela consiga realizar isso. Se ela não vier, não vou me matar em tratamentos, hormônios, neuras.

Todo mundo está me perguntando sobre continuar o tratamento, já que faz um tempinho da cirurgia.

Eu considero que já me sacrifiquei demais, e até aqui tá bom. Não vale mais sacrifício, mais dinheiro gasto, mais ansiedade, mais frustração, mais pesquisas, mais dietas mirabolantes, mais nada!

Não desisti, mas se Deus existe mesmo e realmente promete e cumpre, que aconteça.

Se ele não existe, se milagres não existem, vou viver minha vida da melhor maneira possível, sem buscar minha felicidade em outra pessoa que nem nasceu.

Parece deprimido esse post, parece que odeio crianças, que não quero ser mãe. Até quero, mas se eu for vai ser porque tinha que ser, não vou me descabelar atrás de tratamento. Com o dinheiro de uma fertilização faço a viagem dos meus sonhos, que sempre quis fazer e nunca deu.

Um comentário:

  1. É mais do que normal esses momentos. Momentos de querer jogar tudo para o alto, e se justificar, tentar justificar nossa vontade... torço que supere esse momento da melhor maneira, sem conclusões precipitadas, vivendo um dia de cada vez com todas as emoções e vivências que trazem. Porque as nossas experiências são únicas, por mais que digam isso ou aquilo. Vamos tentar aquietar nossa mente, quem sabe assim nosso desejo se torne realidade e sentiremos a plenitude, ou não :)

    Bejinhos

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